No Evangelho de Mateus, capítulo 6, versículos 9 ao 13, durante o sermão da montanha, Jesus nos ensina inúmeras preciosidades para nossa vida, dentre elas, uma muito importante: o PERDÃO. Para dar base a isto, eis o trecho da oração do Pai Nosso onde Jesus nos ensina como pedir a Deus por nossas necessidades, tão recitada por diversas denominações cristãs:
“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!”
Dois pontos chamam a atenção nessa passagem. Ao recita-la, estamos dizendo que seja feita a vontade de Deus, tanto na terra como no céu; dessa forma, não é a nossa vontade a ser feita quando cremos em Jesus como nosso Senhor e Salvador, e sim a Dele. Pede-se a Deus que perdoe as nossas dívidas (ou ofensas) da mesma forma que perdoamos as dívidas (ou ofensas) dos nossos devedores (a quem nos tem ofendido). Mas na prática, fazemos o que oramos? Melhor, dizendo, perdoamos assim como queremos que Deus nos perdoe?
PERDÃO se tornou as seis letras mais difíceis de dizer nos últimos tempos. Muitas vezes nos mantemos na posição de ofendidos, esperando que a pessoa que nos ofendeu venha-nos pedir perdão, achando que isso nos torna superior em relação ao fato ocorrido, dando-nos a certeza da razão. Essa posição apenas alimenta nosso ego, traz uma satisfação egoísta, um sentimento de prazer com o sofrimento alheio de ter que se rebaixar para liberarmos o perdão.
Horizontalmente falando, de ser humano para ser humano, podemos estar em uma posição de vantagem por termos sido os ofendidos e não quem ofendeu. Mas a vida é um plano que não se vive apenas no relacionamento horizontal, e sim, também no vertical, para com Deus, que acreditamos ser nosso Criador, nosso Pai que estás no céu. Assim, se observarmos o que Deus nos disse através da Bíblia na Epístola de Paulo aos Romanos, no capítulo 3, versículo 23 ao 24, nos deparamos com a seguinte afirmativa: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”. Todos nós pecamos contra Deus constantemente, O ofendemos a todo momento, e ao final de tudo, oramos a Ele pedindo, “perdoa-nos as nossas dívidas”. Fácil é pedir a Deus isso, mas cumprimos a segunda parte da oração “assim como perdoamos aos nossos devedores”? Normalmente não. A salvação é uma via de mão dupla, temos direitos e deveres, e Deus é o juiz regulador desta via. Somos julgados na mesma medida em que julgamos aos nossos semelhantes. Então, por que requerer o perdão se não liberamos o perdão?
Aos não leitores da Bíblia venho lhes mostrar que a oração do Pai Nosso extraída da passagem bíblica supracitada tem um complemento que muitos não observam e quiçá praticam. Vejamos o que diz os versículos 14 e 15 do Evangelho de Mateus, continuando as instruções de Jesus quanto as nossas súplicas a Deus: “Porque, se perdoardes aos homens suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas”. De que adianta orar todos os dias, inúmeras vezes se não praticamos o que Jesus nos deixou comissionado? Ponhamos em prática os ensinamentos de Deus, se assim o consideramos com Pai, para podermos ter o privilégio de recebermos Dele a graça suplicada.
Ricardo de Lucena Ferreira